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Pouco difundida até mesmo na medicina, a Hidradenite Supurativa (HS) é uma doença de pele crônica de causa multifatorial que afeta milhares de pessoas em todo o mundo. “Hidradenite” significa inflamação de uma glândula sudorípara, e “Supurativa” quer dizer que ela solta pus. A doença se caracteriza por nódulos dolorosos, semelhantes a furúnculos, que aparecem com frequência em regiões como as axilas, virilha, nádegas, regiões genitais e sob as mamas.

De acordo com o Dr. Wagner Galvão, médico dermatologista especializado em doenças de pele graves e autoimunes, utiliza-se alguns conceitos para fechar o diagnóstico clínico. “Além da lesão em si, deve-se atentar a algumas peculiaridades — como nódulos e fístulas aparecendo em regiões de dobra no corpo. A grande diferença entre a HS e abscessos comuns, furunculose ou pelos encravados está em sua recorrência; é o que fecha o diagnóstico”, avalia o doutor.

Para o especialista, a hidradenite supurativa ainda é uma doença bastante negligenciada, quase órfã. “Quando se fala em hidradenite, é muito comum ouvir as pessoas dizendo: ‘nossa, mas eu tenho isso há 10, 15, 20 anos’”, comenta. “Então não é que existam poucos casos; mas ela é uma doença negligenciada e, por isso, subdiagnosticada.” Na concepção de Wagner, o problema do diagnóstico reside na falta de conhecimento geral e médico acerca da doença. “Ao ver uma lesão vermelha, quente, inflamada e com pus, 11 em cada 10 médicos pensam que é infecção. E, como a HS evolui em crise, o comum é resolver isoladamente, com o uso de antibióticos”, afirma.

Essa falta de conhecimento, unida à necessidade de reincidência das lesões, são pontos-chave no atraso do diagnóstico. Como avalia o Dr. Galvão, além do impacto devastador na qualidade de vida, a longa jornada que o paciente com hidradenite enfrenta até chegar ao diagnóstico é, também, perigosa. “A doença tem um caráter evolutivo: cronicamente, o tecido vai se destruindo. E esse aspecto progressivo da destruição tecidual é irreversível”, aponta o dermatologista. “A HS entra no conceito da artrite — conforme ela progride, a deformidade na articulação não volta; ou seja, preciso correr para não deixar isso acontecer. Por isso, casos leves são a janela de oportunidade de tratar.”

No entanto, tais esclarecimentos não devem servir para desanimar ninguém. Wagner Galvão pontua que vários avanços já estão em curso na medicina, não apenas no que diz respeito à indústria farmacêutica: “Nós, médicos, estamos agora entendendo melhor a doença e, com isso, ganhamos uma ferramenta. Tem pesquisas muito animadoras surgindo e ainda vai chegar muito mais”, informa o especialista. “Então, caso alguém tenha se identificado com os sintomas, não pare. Não desiste. Marca uma consulta com dermatologista, comece a sua jornada. O que não pode é não tratar.”

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