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Certa vez assisti a um filme chamado Koyaanisqatsi, dirigido por Godfrey Reggio, com música de Philip Glass. O filme basicamente consiste em imagens de arquivos em câmera lenta e em time lapse, mostrando cidades e muitas paisagens naturais dos Estados Unidos, sem nenhum diálogo ou narração. Seu tom é estabelecido pela justaposição de imagens e música. Na língua hopi, Koyaanisqatsi significa “vida maluca, vida em turbilhão, vida fora de equilíbrio, vida se desintegrando, um estado de vida que pede uma outra maneira de se viver”.

A pandemia do Covid-19 me trouxe a lembrança do filme justamente pelo significado da palavra Koyaanisqatsi. “Vida fora de equilíbrio, vida se desintegrando, um estado de vida que pede uma outra maneira de se viver”. Uma outra maneira de viver tanto em nível pessoal quanto profissional.

Populações em quarentena, presas dentro de quatro paredes e empresas tentando sobreviver a uma grande crise não são novidade na História da Humanidade. Só nos últimos 100 anos atravessamos duas grandes guerras mundiais, a gripe espanhola (que matou milhões de pessoas) e o crash da bolsa de valores de Nova York.

Com a pandemia, todas as marcas tiveram que readaptar seus briefings em função do novo contexto. Hoje, contamos com novas ferramentas de informação, de interação, novas formas de relacionamento e até de consumo. As empresas tiveram que adaptar suas necessidades de Comunicação, para as quais as velhas fórmulas já não encontram resposta junto aos consumidores. E é neste contexto que se tem evidenciado a importância da criatividade.

Desmistificando o arquétipo que gira em torno da palavra, criatividade não é a bateria da Mocidade Independente chegando pra animar a festa. Criatividade serve para ultrapassar problemas, solucionar o que não está resolvido. Neste momento, a criatividade pode ser a chave para que uma empresa mostre o seu propósito, seja capaz de se manter relevante junto aos seus clientes contribuindo para uma melhor qualidade vida com aquilo que vendem e, assim, manter a sustentabilidade de seus negócios que geram milhares de empregos.

Recentemente tive acesso a uma campanha da marca IKEA, uma cadeia sueca que vende móveis e utensílios para o lar (uma espécie de parque temático com tudo pra montar uma casa, onde se pode passear horas a fio. Na minha primeira visita a uma das lojas passei 5 horas lá dentro). A nova campanha tem uma história interessante: “Nuno Riça e João Amaral (diretores de criação da agência portuguesa BAR Ogilvy) estavam fazendo uma videoconferência com outros diretores de criação europeus, quando perceberam que estavam todos expondo as suas casas e o que lá se passava. Era assim com eles e com milhões de pessoas no mundo inteiro uma vez que o mundo inteiro está trabalhando de casa. Estamos abrindo nossas casas a colegas, clientes, fornecedores, etc. E nem sempre está nas melhores condições para mostrar”, descreve Miguel Ralha, CEO da agência.

Foi aí que surgiu a ideia da campanha – criar fundos para as videoconferências com móveis e produtos IKEA. Uma forma criativa de fazer com que a marca faça parte do dia a dia dos seus clientes habituais (e possíveis novos clientes). “A ideia dos fundos Ikea surgiu desse momento. Permitimos que as pessoas possam fazer download de uma divisão Ikea, que servirá como fundo da vídeo chamada. Desta forma, estamos com a casa sempre impecável e a ajudar quem precisa trabalhar de casa todos os dias”.

Você pode conferir aqui.

Um trabalho criado, apresentado e produzido 100% em home office e, certamente, aprovado pelos responsáveis da cadeia sueca a partir da segurança de suas casas. O mundo está se reinventando. E o resultado final é um ponto de interrogação do tamanho do planeta. Mas já deu pra perceber que estamos no caminho de uma outra maneira de se viver.

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LOURIVAL MACHADO

Formado em Publicidade pela UNISINOS. Desempenhou a função de Diretor de Arte no mercado gaúcho até mudar-se para Lisboa – Portugal, onde residiu por 13 anos. Neste período, trabalhou em várias agências do mercado publicitário português, como a FCB – Foote, Cone & Belding, além de concluir a Pós-graduação de Comunicação e Imagem no IADE – Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing de Lisboa.

Desenvolveu também um trabalho como ilustrador, com clientes como a Sociedade Portuguesa de Autores e a Feira Internacional de Lisboa.

Suas especialidades são: Branding e identidade corporativa; Design editorial; Ilustração; Tratamento de imagens.

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